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sábado, 19 de dezembro de 2009
SOLDADO LUIZ GONZAGA DE SOUZA
quarta-feira, 2 de dezembro de 2009
A Saga do Cangaceiro Jesuíno Brilhante - FONTE: BLOG FOLHA PATUENSE
Imagem da Cadeia Pública de Pombal Onde Jesuíno Brilhante Liderou Ataque para Libertar seu Irmão Lucas em 1.874
Foto extraída do Site da Sociedade Brasileira do Cangaço
Segundo Câmara Cascudo, "ficaram famosos os assaltos à cadeia de Pombal (PB) para libertar seu irmão Lucas (1874) e, no ano de 1876, à cidade de Martins (RN). Cercado pela polícia local, Jesuíno e seus dez companheiros abriram passagem através de casas, rompendo as paredes, cantando a antiga "Curujinha". Câmara Cascudo afirma ainda que Jesuíno "nunca exigiu dinheiro ou matou para roubar". A imaginação popular acrescentou à biografia do cangaceiro centenas de batalhas, das quais Jesuíno Brilhante teria participado sem que tivesse levado um só tiro...
Em dezembro de 1879, na região das Águas do Riacho de Porcos, Brejos da Cruz, na Paraíba, Jesuíno foi atingido no braço e no peito, sendo levado, agonizante, por seus amigos. Morreu no lugar chamado "Palha", onde foi sepultado.
Entre as principais ações de Jesuíno, narradas no livro de Raimundo Nonato, encontram-se o saque à Cadeia Pública de Pombal (Paraíba), em 1874, e a invasão à cidade de Imperatriz (hoje Martins, no Rio Grande do Norte) para resgatar uma moça raptada pelo filho de um fazendeiro.
A Saga do Cangaceiro Jesuíno Brilhante
Foto de Capa do Livro do Escritor Raimundo Nonato sobre o Cangaceiro Romântico Jesuíno Brilhante
Jesuíno Brilhante nasceu em Patu, no sítio Tuiuiú, em 1844, filho da aristocracia rural sertaneja. Em 1871 entrou no cangaço por vingança, após um irmão dele ter sofrido uma surra nas ruas da cidade e uma cabra de sua fazenda ter sido roubada.
O seu cangaço difere do de outros bandoleiros que povoam a memória popular nordestina como Virgulino Ferreira - mais conhecido como Lampião - e Antônio Silvino, pois Jesuíno implantou à sua maneira um sistema de "justiça" em uma terra onde reinava a lei do mais forte e não fez desta atividade uma profissão.
Segundo Frederico Pernambucano de Mello, o fenômeno do cangaço pode ser classificado de três formas: o cangaço por vingança, o cangaço como profissão e o cangaço refúgio. Assim como Lampião, Jesuíno é um dos principais exemplos de cangaço por vingança, cuja existência se justifica pela total ausência do exercício da justiça por parte do Estado.
Foto: Imagens Google
Carlos Tourinho - Diretor de Fotografia do Filme Jesuíno Brilhante o Cagaceiro Romântico
A literatura sobre o "Cangaceiro Romântico" inspirou o cineasta carioca William Cobert que, em 1972, dirigiu o primeiro longa-metragem potiguar: Jesuíno o Cangaceiro. As armas utilizadas na produção foram cedidas pela Polícia Militar do Rio Grande do Norte.
Em 1879, Jesuíno foi vítima da emboscada de uma milícia liderada por Preto Limão, seu algoz, sob encomenda do coronel João Dantas, após ter sido traído por um seleiro nas margens do Riacho dos Porcos, na comunidade Palha no sopé da Serra de João do Vale, no município de São José do Brejo do Cruz (Paraíba), antigamente São José dos Cassetes.
Seus restos mortais foram resgatados pelo médico Almeida Castro e durante várias décadas estiveram expostos no Colégio Diocesano em Mossoró, para depois fazer parte do acervo museológico do alienista Juliano Moreira, no Rio de Janeiro. Hoje, encontram-se perdidos.
Nery Vitor - Ator que fez Jesuíno Brilhante no Filme de Willian Cobbett. Foto: azougue.com
Jesuíno Brilhante - O Cangaceiro foi gravado no interior no Rio Grande do Norte sendo o primeiro longa-metragem rodado integralmente no estado pelo falecido cineasta William Cobbett, no ano de 1972 ano esse de seca, com poucos recursos financeiros e enfrentando ainda uma dura repressão política, só por estas razões já merecia grande mérito, mas foi além, participando em 1973, como convidado do júri do V Festival de Moscou, onde foi adquirida cópia pela antiga União Soviética, e hoje países como Índia, Polônia Hungria e Espanha ainda possuem cópias do filme em suas cinematecas.
O filme mostra a saga de Jesuíno Alves de Melo Calado, logo depois chamado de Jesuíno Brilhante que nasceu em Tuiuiú Patu no Rio Grande do Norte em 1844 e morreu lutando em Brejo da Cruz na Paraíba em fins de 1879, Jesuíno ganhou
fama como cangaceiro gentil-homem, o bandoleiro romântico, um espécie matuta de Robin Hood adorado pela população mais pobre, o filme conta com Carlos Tourinho na direção de fotografia e o ator Nery Victor no papel do Jesuíno Brilhante.
Casa de Pedra - Sitio Cajueiro. Foto: Aluisio Dutra
Jesuíno se diferencia dos demais cangaceiros por ter procurado intervir em questões sociais como a distribuição para as pessoas necessitadas dos gêneros alimentícios destinados a combater as secas, que subtraía dos coronéis saqueando os comboios de víveres que eram enviados pelo Governo para as vítimas das secas, mas que ficavam nas mãos dos poderosos e nunca chegavam à população. Jesuíno também se destacou por intervir em situações de violência sexual contra as mulheres uma década antes do reconhecimento legal do crime de estupro.
Famílias inteiras chegaram a fazer parte do seu bando como estratégia de sobrevivência. De 1871 a 1879, implantou um "Estado paralelo" nos sertões nordestinos, cujo eixo central era a região do Patu ("terra alta", em tupi) e cuja principal fortaleza a chamada Casa de Pedra (caverna encravada na Serra do Lima).
Vários autores escreveram sobre Jesuíno, entre eles Luis da Câmara Cascudo, Gustavo Barroso, Ariano Suassuna e Raimundo Nonato. Este último é autor de Jesuíno Brilhante, O Cangaceiro Romântico, que narra a inteira epopéia do bandoleiro.
Serra do Cajueiro - Patu-RN
Para Câmara Cascudo, ele "foi o cangaceiro gentil-homem, o bandoleiro romântico, espécie matuta de Robin Hood, adorado pela população pobre, defensor dos fracos, dos velhos oprimidos, das moças ultrajadas, das crianças agredidas (...) Baixo, espadaúdo, ruivo, de olhos azuis, meio fanhoso, ficava tartamudo quando zangado. Homem claro, desempenado, cavaleiro maravilhoso, atirador incomparável de pistola e clavinote, jogava bem a faca e sua força física garantia-lhe sucesso na hora do "corpo a corpo". Era ainda bom nadador, vaqueiro afamado, derrubador e laçador de gado.
Sua pontaria infalível causava assombro, especialmente porque Jesuíno, ambidestro, atirava com qualquer das mãos.
Casou com D. Maria, tendo cinco filhos dessa união.
Envolvido com uma questão de família, Jesuíno matou o negro Honorato Limão, no dia 25 de dezembro de 1871. Foi sua primeira vítima.
Como lembra Tarcísio Medeiros, era "irredutível em questão de honra". O autor, em seguida, cita um texto de Raimundo Nonato, que narra um episódio, onde Jesuíno Brilhante se hospedou em uma casa. O marido estava ausente. Um bandido, de nome Montezuma, procurou se aproveitar da situação para perseguir a proprietária da casa. Jesuíno, revoltado, matou o malfeitor. Outro caso: assassinou um escravo, José, porque tentou violentar uma mulher.
Fonte: Texto de Frederico de Mello e pesquisa de Edvaldo Morais.
Serrote da Tropa - Sítio Santo Antônio Zona Rural do Município de São José de Brejo do Cruz-PB (conhecido também como São José dos Cacetes). Foto Pôla Pinto
Obs: Provável local da emboscada contra Jesuíno Brilhante causando a sua morte
quinta-feira, 27 de agosto de 2009
A CRUZ DOS HERÓIS EM LUCRÉCIA
FONTE: Blog da Sociedade Brasileira de Estudos do Cangaço.
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Muita história existe por aí por esse sertãozão. Já dizia o mestre Guimarães Rosa que o sertão é do tamanho do mundo, e vai ver que é mesmo. O meu caro leitor não imagina o que existe por aí por esse interior, para se conhecer, para se descobrir, para se entender.
Em Lucrécia-RN, pertinho da cidade, tem uma cruz plantada na beira da estrada com uma placa com o seguinte dístico: “A cruz dos três heróis. Francisco Canela, Sebastião Trajano e Bartolomeu Paulo sucumbiram neste lugar pelas mãos assassinas de Virgolino Lampião na destemida missão de liberdade de Egidio Dias da Cunha, em 12 de junho de 1927.” O lugar chama-se Caboré, e foi palco dessa sangrenta história que está lá todinha, muito bem contada no livro de Raul Fernandes “A Marcha de Lampião”.
A CRUZ DOS HERÓIS, EM LUCRÉCIA-RN.
A história é a seguinte: os cangaceiros, vindos do Ceará, entraram no Rio Grande do Norte com o intuito de invadir Mossoró. Pelo caminho assaltavam vilas e cidades, e faziam reféns para obter dinheiro. Um deles foi o fazendeiro Egidio Dias, pelo qual os bandoleiros estavam pedindo dez contos de réis.
Rapazes amigos da vítima, corajosos, temerários mas inexperientes, resolveram ir enfrentar os cangaceiros e resgatar o refém. Tudo foi combinado enquanto estavam em um forró, após algumas doses.
É Raul Fernandes quem conta: “A rapaziada saiu despreocupada, em algazarra, estrada acima. Os cabras, emboscados no sítio Caboré, aguardavam que chegassem ao alcance de tiros certeiros. De súbito, ouve-se uma descarga, seguida de outra. Os da frente caíram varados de balas.”
Foram mortos cruelmente os três rapazes que encabeçavam a marcha. Os outros, ao ouvirem os tiros, se jogaram ao chão e rastejaram para dentro do mato, voltando bem mais tarde para recolher os corpos dos amigos.
Zé Maia e Rita Cesária, memória viva da cidade.
Zé Maia, com quem conversei em Lucrécia, contemporâneo desses acontecimentos, complementa a história e dá detalhes: “Ajuntaram e foram com uma pistola velha, pau, um rifle velho, pra ir atrás de Lampião que tava com um bando de 60 homens. Quando iam conversando, pei-pei-pei, pei-pei-pei, aí Lampião apontou. Dois caíram logo e o tal do Bartolomeu tinha chegado há pouco tempo, era um primo da gente, do exército, um rapaz novo, dizem que ele atirou com a arma de fogo, dizem até que ele matou um, mas os cangaceiros pegaram ele, cortaram os braços, regetaram as pernas, furaram os olhos, destamparam a cabeça, ficou um bagaço. Aí falam que Lampião disse: – Um homem daquele não era pra nós ter matado não, era pra nós ter conduzido ele.” Quanto ao refém, conseguiu fugir, aproveitando-se de uma distração dos bandidos. Raul Fernandes conta que Egídio Dias “desata, com os dentes, o nó da corda. Tira o paletó e a camisa. Arruma as vestes no chão e coloca o chapéu, no lugar da cabeça, de modo a simular sua presença.”
Egídio Dias foi o único prisioneiro a conseguir escapar de Lampião. “Força de reza, minha filha!” confidenciou-me Rita Cesária, mulher de Zé Maia. “Foi a mulher dele que rezou, reza forte. Chegou em casa muito judiado, muito maltratado, mas escapou. Força de reza.”
E quem sou eu pra duvidar?
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E para mais histórias ou informações sobre o cangaço acesse o blog da Sociedade Brasileira de Estudos do Cangaço.
sexta-feira, 24 de julho de 2009
MOSSORÓ E A RESISTÊNCIA AO CANGAÇO
o coronel Antônio Gurgel do Amaral, este irmão de Tilon Gurgel e filho do CAPITÃO VALERIANO VALERIANO GURGEL DO AMARAL e DONA CAETANA LESUMIRA GURGEL DO AMARAL Joaquim Moreira, proprietário da Fazenda "Nova", no sopé da serra de Luis Gomes, dona Maria José, proprietária da Fazenda "Arueira" e outros. Coube ao coronél Antônio Gurgel, um dos seqüestrados, escrever uma carta ao prefeito de Mossoró, Rodolfo Fernandes, fazendo algumas exigências para que a cidade não fosse invadida. Era a técnica usada pelos cangaceiros ao atacar qualquer cidade. Antes, porém, cortavam os serviços telegráficos da cidade, para evitar qualquer tipo de comunicação. Quando a cidade atendia o pedido, exigiam além de dinheiro e jóias, boa estadia durante o tempo que quisessem, incluindo músicos para as festas e bebidas para as farras. Quando o pedido não era aceito, a cidade era impiedosamente invadida.
De Mossoró pretendiam cobrar 500 contos de réis para poupar a cidade, mas sendo advertido que se tratava de quantia muito alta, resolveram reduzir o pedido para 400 contos de réis. A carta do coronél Gurgel dizia: "Meu caro Rodolfo Fernandes. Desde ontem estou aprisionado do grupo de Lampião, o qual está aquartelado aqui bem perto da cidade. Manda, porém, um acordo para não atacar mediante a soma de 400 contos de réis. Penso que para evitar o pânico, o sacrifício compensa, tanto que ele promete não voltar mais a Mossoró..." Ao receber a carta, o Cel. Rodolfo Fernandes convoca uma reunião para a qual convida todas as pessoas de destaque da cidade, onde informa o conteúdo da mesma e alerta para a necessidade da preparação de defesa contra um possível ataque dos cangaceiros. Os convidados, no entanto, acham inviável que possa acontecer um ataque de cangaceiros a uma cidade do porte de Mossoró. E de nada adiantaram os argumentos do prefeito. Mesmo decepcionado com a atitude dos cidadãos da cidade, o prefeito responde a carta nos seguintes termos: Mossoró, 13 de junho de 1927. - Antônio Gurgel. " Não é possível satisfazer-lhe a remessa dos 400.000 contos, pois não tenho, e mesmo no comércio é impossível encontrar tal quantia. Ignora-se onde está refugiado o gerente do Banco, Sr. Jaime Guedes. Estamos dispostos a recebê-los na altura em que eles desejarem. Nossa situação oferece absoluta confiança e inteira segurança. Rodolfo Fernandes". Quando o portador chega a casa do prefeito para pegar a resposta, esse, de modo cortês, diz que a proposta do bandido é inaceitável e se diz disposto a enfrenta-lo. Levou o portador ao aposento onde havia vários caixões com latas de querosene e gasolina. Junto a esses caixões, existia um aberto e cheio de balas. O prefeito na tentativa de impressioná-lo, diz que todos aqueles caixões estão cheios de munição e que já existe um grande número de homens armados na cidade, aguardando a entrada dos cangaceiros. Lampião não esperava tal resposta e ao tomar conhecimento que a cidade está pronta para brigar, resolve mandar um bilhete escrito de próprio punho, numa péssima caligrafia, julgando que assim conseguiria o intento
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" Cel Rodolfo Estando Eu até aqui pretendo drº. Já foi um aviso, ahi pº o Sinhoris, si por acauso rezolver, mi, a mandar será a importança que aqui nos pede, Eu envito di Entrada ahi porem não vindo essa importança eu entrarei, ate ahi penço que adeus querer, eu entro; e vai aver muito estrago por isto si vir o drº. Eu não entro, ahi mas nos resposte logo. Capm Lampião." Mais uma vez, o prefeito responde com negativa. Diz em sua resposta para Lampião: "Virgulino, lampião. A resposta: Recebi o seu bilhete e respondo-lhe dizendo que não tenho a importância
que pede e nem também o comércio. O Banco está fechado, tendo os funcionários
se retirado daqui. Estamos dispostos a acarretar com tudo o que o Sr. queira fazer
contra nós. A cidade acha-se, firmemente, inabalável na sua defesa, confiando
na mesma. Rodolfo Fernandes Prefeito, 13.06.1927". Nessa altura dos acontecimentos, os mossoroenses já convencidos do intento dos cangaceiros, tratavam de preparar a defesa da cidade. O tenente Laurentino era o encarregado dos preparativos. E como tal, distribuía os voluntários pelos pontos estratégicos da cidade. Haviam homens instalados nas torres das igrejas matriz, Coração de Jesus e São Vicente, no mercado, nos correios e telégrafos, companhia de luz, Grande Hotel, estação ferroviária, ginásio Diocesano, na casa do prefeito e demais pontos. O plano de lampião era chegar a uma localidade conhecida como Saco, que ficava a uma distância de dois quilômetros de Mossoró, onde abandonariam as montarias e prosseguiriam a pé até a cidade. O cangaceiro Sabino comandava duas colunas de vanguarda. Uma das colunas era chefiada por Jararaca e outra por Massilon. Lampião ia no comando da coluna da retaguarda. Enquanto cangaceiros e voluntários se preparam para o combate, o restante da população, que não participariam do mesmo, tentava deixar a cidade. Eram velhos, mulheres e crianças, pessoas doentes, que não tinham nenhuma condição de enfrentar, de armas em punho, a ira dos Cangaceiros. A cena era dantesca desde o dia 12 de junho. Nas ruas, o povo tentava deixar a cidade de qualquer maneira. Mulheres chorando, carregando crianças de colo ou puxadas pelos braços, levando trouxas de roupas, comida e água para a viagem, vagando na multidão sem rumo. Era uma massa humana surpreendente que se deslocava pelas ruas da cidade na busca de transporte, qualquer que fosse o meio, para fugir antes da investida dos Cangaceiros. Famílias inteiras reunidas, em desespero, lotavam os raros caminhões ou automóveis que saíam disparados a caminho do litoral. Muitos, sem condição de transporte, tratavam de conseguir esconderijo dentro ou fora da cidade. A ordem dada pelo prefeito era que quem estivesse desarmado saísse da cidade. O desespero aumentava mais a medida que o dia avançava. Às onze horas da noite, os sinos das igrejas de Santa Luzia, são Vicente e do Coração de Jesus começaram a martelar tetricamente, o que só servia para aumentar a correria. As sirenes das fábricas apitavam repetidamente a cada instante. Muita gente que não acreditava na vinda de Lampião, só ai passou a tomar providências para a partida. Na praça da estação da estrada de ferro, era grande a concentração de gente na busca de lugar para viajar nos trens que partiam de Mossoró. Até os carros de cargas foram atrelados a composição para que a multidão pudesse partir. Mesmo assim não dava vencimento, e os retardatários, em lágrimas, imploravam um lugar para viajar. O Prefeito, o Cel. Rodolfo Fernandes de Oliveira, se desdobrava na organização da defesa, ao mesmo tempo que ordenava a evacuação da cidade, medida essa que poderia salvar muitas vidas. Enquanto isso, a locomotiva a vapor, quase milagrosamente partia, resfolegando com o peso adicional, parecendo que ia explodir, tamanho o esforço feito pela máquina que emitia fortes rangidos e deixava um rastro de fumaça negra no horizonte. Era uma viagem relativamente curta, entre Mossoró e Porto Franco, nas proximidades da praia de Areia Branca. Na cidade, o badalar dos sinos continuava e o desespero também, pois apesar da pequena distância que o trem deveria percorrer, a locomotiva demorava mais do que o normal para chegar, com o maquinista parando com freqüência para se abastecer de água e lenha pelo caminho. Saía de Mossoró com todos os carros lotados e voltava vazio. Era um verdadeiro êxodo. Na noite do dia 12 de junho, não houve descanso para ninguém em Mossoró. Os encarregados pela defesa da cidade se revezavam na vigília, enquanto o restante da população esperava a vez de partir. E o movimento na estação ferroviária não parava. O embarque de pessoal virou toda a noite e só terminou na tarde do dia 13 de junho, dia de Santo Antônio, quando foram ouvidos os primeiros tiros, dando início ao terrível combate. Mas a meta havia sido alcançada; a cidade estava deserta. Ao entrarem na cidade, o bando sente medo, devido ao abandono do local. Sabino encaminha-se com suas colunas para a casa do prefeito. Não perdoa o atrevimento daquele homem que resolveu enfrentar o bando de cangaceiro mais temido do nordeste brasileiro. Sabino posiciona-se sozinho em frente a casa de Rodolfo Fernandes. Os defensores da cidade ficam indecisos, sem saber se ele é um soldado ou um cangaceiro, já que não havia muito diferença entre a maneira de se vestir de um e de outro. Foi preciso a ordem do prefeito para que começassem a atirar. Nesse momento o tempo fechou. Uma forte chuva começa a cair, comprometendo o desempenho dos cangaceiros e tornando mais tétrico o ambiente. Lampião segue em direção ao cemitério da cidade enquanto que Massilon procura os fundos da casa do prefeito. O cangaceiro "Colchete" tenta revidar os tiros lançando uma garrafa com gasolina contra os fardos de algodão que servem de trincheiras para os defensores, na tentativa de incendiá-los. Nesse momento é atingido por um tiro, caindo morto. Jararaca se aproxima do corpo, com o intuito de dar prosseguimento ao plano do comparsa morto e é também atingido nas costas, tendo os pulmões perfurados. No mesmo instante, os soldados entrincheirados na boca do esgoto começam a atirar, encurralando os cangaceiros. Os defensores dominam a situação e não resta outra solução aos facínoras se não abandonar a cidade. A ordem de retirada é dada por Sabino que puxando da pistola dá quatro tiros para o alto. É o fim do ataque.
Não foi um combate longo; iniciou-se as quatro horas da tarde, aproximadamente, sendo os últimos disparos dados por volta das cinco e meia da mesma tarde. Lampião havia fugido, deixando estirado no chão o Cangaceiro Colchete e dando por desaparecido o Jararaca, que depois seria preso e "justiçado" em Mossoró. Mas com medo da revanche dos bandidos, os defensores permaneceram de plantão toda a noite, só descansando no outro dia, quando tiveram certeza que já não havia mais perigo.
Quando lembramos esses fatos, ficamos pensando que tragédia poderia ter acontecido se a cidade não houvesse sido esvaziada a tempo. Quantas mortes poderiam ter havido se a população tivesse permanecido na mesma. Só Deus pode saber. Depois do acontecido, a população começa a voltar para casa. É outra batalha para se conseguir transporte, juntar os parentes, desentocar os objetos de valores que tinham ficado escondidos e tantas providências mais, que só quem viveu o drama poderia contar. 13 de junho, dia de Santo Antônio. Um dia que ficou marcado para sempre na história de Mossoró.
Fonte: Site da Prefeitura de Mossoró
terça-feira, 21 de julho de 2009
RODOLFO FERNANDES - O HERÓI DA RESISTÊNCIA
Há pessoas que nascem em Mossoró mas não são mossoroenses; há pessoas que embora vindas de outros lugares, adotam Mossoró como sua terra e tratam de engrandecê-la, de torná-la cada vez melhor, e com ela crescem, prosperam e, por direito, tornam-se mossoroenses. Para aqueles, Mossoró foi a terra em que nasceram; para esses, Mossoró foi a terra que escolheram para morar. Rodolfo Fernandes pertence a última categoria.
Nascido em Portalegre/RN a 24 de maio de 1872, começou sua vida de trabalho muito cedo, sendo ainda adolescente quando se iniciou no comércio na cidade de Pau dos Ferros/RN, emigrando depois para a Amazônia durante o primeiro ciclo da borracha, como tantos outros nordestinos. Regressou ao Rio Grande do Norte dois anos depois, indo morar na cidade de Macau, trabalhando na indústria salineira para a Companhia comércio, onde construiu salinas e implantou diversas modernidades. Atraído pelo desenvolvimento de Mossoró, veio aqui se estabelecer, casando-se em 1900 com Isaura Fernandes Pessoa, com quem teve quatro filhos: José, Julieta, Paulo e Raul. Já em Mossoró, trabalhou para a grande firma Tertuliano Fernandes & Cia., também construindo salinas e substituindo o tradicional cata-vento para puxar água por um motor a óleo, o que permitia maior aproveitamento das marés. Em 1918 estabeleceu-se por conta própria na indústria salineira.
Elegeu-se prefeito de Mossoró em 1926. Teve sua memória perpetuada no coração dos mossoroenses por sua atitude decisiva em defesa de Mossoró. De todos os seus feitos, talvez o que tenha lhe dado maior projeção tenha sido a maneira como o mesmo enfrentou a horda de cangaceiros chefiados por Lampião, que na tarde de 13 de junho de 1927 invadiram Mossoró.
Pretendiam, os facínoras, extorquir uma vultosa quantia para não atacar a cidade. O Cel. Rodolfo Fernandes reagiu negativamente e comandou a defesa da cidade como um grande general, mandando, inclusive, que qualquer pessoa que não fosse participar ativamente da defesa saísse da cidade como medida de precaução. Essa medida, certamente, evitou muitas mortes desnecessárias.
Era homem de arrojadas iniciativas de caráter urbanístico. Em sua administração iniciou o calçamento de algumas ruas e da praça 6 de Janeiro, que posteriormente recebeu o seu nome. Construiu também o primeiro jardim público de Mossoró. Um fato curioso é que quando foi iniciado o calçamento em Mossoró, muitos habitantes ficaram insatisfeitos, achando que com o chão coberto de pedras, a temperatura da cidade, que já era em alguns momentos quase que insuportável, iria aumentar. Foi mais uma luta do prefeito para mudar a opinião dessas pessoas, na luta pelo progresso da cidade.
O Cel. Rodolfo Fernandes de Oliveira Martins foi um lutador. Um sertanejo simples, mas de visão voltada para o futuro. Soube como poucos amar Mossoró. “Conseguiu realizar uma obra verdadeiramente notável, dentro dos estreitos limites das finanças do município”, como depõe Vingt-un em seu Mossoró. Mas não chegou a terminar o seu mandato. A 16 de setembro de 1927, com a sua saúde abalada, requer licença para tratamento médico no Rio de Janeiro, onde faleceu a 11 de outubro do mesmo ano. E Mossoró chora a sua morte. Várias homenagens foram prestadas em sua memória, tendo sido inclusive criado, em 1963, o município de Rodolfo Fernandes, desmembrado do de Portalegre.
De Rodolfo Fernandes ficou o exemplo de homem de visão, pioneiro e libertador, digno das mais altas homenagens do povo mossoroense. E por sua bravura no episódio da defesa da cidade contra os cangaceiros de Lampião, ficou conhecido como “O herói da resistência”. ração".
domingo, 21 de junho de 2009
TENENTE ALBERTO GOMES DE SOUZA
PROMOÇÃO POST-MORTEM DO TENENTE ALBERTO
O Interventor Federal do Rio Grande do Norte, Capitão Tenente BERTINO DUTRA DA SILVA, no dia 28 de setembro de 1932 promoveu post-mortem a primeiro tenente, o segundo tenente PMRN ALBERTO GOMES DE SOUZA, através do Decreto n° 342, de 28 de setembro de 1932, abaixo transcrito.
DECRETO Nº 342, DE SETEMBRO DE 1932
O INTERVENTOR FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE, usando de suas atribuições, e considerando que o 2º Tenete do Batalhão de Polícia Militar, ALBERTO GOMES DE SOUZA, incorporado às tropas em operações contra os rebeldes paulistas, foi morto, no dia 22 do corrente, em combate, no qual de destacou cela coragem, firmeza e abnegação com que lutava pela defesa da integridade da Pátria;
Considerando que o seu heroísmo e sacrifício constituem um nobre exemplo de patriotismo e de dignidade militar;
CONSIDERANDO que o extinto ainda não tinha, como oficial, o tempo de exercício necessário para que a sua família fizesse jus à pensão de Mobtepio;
CONSIDERANDO porém, que tem o Estado o dever de amparar a família dos que perdem a vida no desempenho de tão alta missão
DECRETA:
Art. 1º - É promovido, por ato de bravura, ao posto de 1º tenente do Batalhão de Polícia Militar, o 2º Tenente PM ALBERTO GOMES DE SOUZA, morto em combate contra os rebeldes de São Paulo
Art. 2º - É considerada à mãe do referido oficial, a partir do dia 22 do corrente, uma pensão mensal de 300$00 )TREZENTOS MIL RÉIS) no caso de falecimento de beneficiária essa pensão será dividida entre as irmãs solteiras e os irmãos menores do extinto e se extinguirá nos casos previstos na Lei nº 637, de 11 de novembro de 1926, que dispõe sobre o Montepio dos funcionários estaduais.
Art. 3º Revogam-se as disposições em contrário.
Palácio do Governo do Estado do Rio Grande do Norte, em Natal, 28 de setembro de 1932, 44] da Republica
(as) BERTINO DUTRA DA SILVA
Lélio Augusto Soares da CÂMARA
POLICIAIS MORTOS EM DEFESA DA SOCIEDADE POTIGUAR
01/03/1953 – CABO PM MANUEL XAVIER DA SILVA foi assassinado na então Vila de Demetrio lemos, atual cidade de Antonio Martins, quando exercia a função de subdelegdo daquela comunidade. Em 12 de junho de 1961 foi inaugurado o logradouro construído no Quartel do Comando Geral, em Natal, denominado de CABO PM “MANOEL XAVIER”
24/12/1955 – CABO JOÃO LUIZ DE FRANÇA foi assassinado com vários tiros de revólver calibre 38, desfechados pelos pistoleiros Raimundo Ferreira da Silva , vulgo “ RAIMUNDO SORORÓ” e Francisco Pereira de Andrade, vulgo “JARARACA”, a mando de Antoneles Godeiro da Silva. Fato delituoso ocorrido por volta das 23 horas em um circo instalado na Vila de Demétrio Lemos. Este homicídio foi apurado pelo tenente Bento Manuel de Medeiros, delegado de Martins
PORTAL TERRAS POTIGUARES NEWS
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